“Avaliar é uma ação pedagógica guiada pela atribuição de valor apurada e responsável que o professor realiza da aprendizagem dos alunos.”
(Parâmetros Curriculares Nacionais / PCNs – Artes – Ag. 96)
Educadores e educandos ao longo da construção do processo pedagógico esbarram inevitavelmente em um dos maiores desafios no âmbito escolar: a avaliação. No ensino de Arte esse ato torna-se um dilema, área de conhecimento permeada e impregnada de julgamentos e pré conceitos estabelecidos sobre visões e enfoques particulares do que é, como e porque se faz Arte. Tanto a nível acadêmico (artístico) como educacional. As opiniões são diversas, controvertidas, mostrando-se o tema polêmico e desafiador para os professores de Arte.
Em uma rápida abordagem sobre a história do ensino em Arte, observamos que há no Brasil duas vertentes pedagógicas com influências marcantes em nossas escolas, a Escola Tradicional e a Renovadora. Na primeira o educando é avaliado segundo a estratégia do professor. Em oposição a essa vertente, a Renovadora, a participação, a cooperação, a evolução e a auto-avaliação faz parte do processo de avaliação. Tais tendências não sanaram os problemas sobre a avaliação em Arte. Se na Tradicional a reprodução é uma obrigatoriedade, abandonando-se a espontaneidade, a criação e o fruir artístico na Renovadora esquece-se a técnica, o método de procedimento, o uso correto dos materiais, que é a base para o aperfeiçoamento do fazer artístico. O ideal seria adotarmos um direcionamento pedagógico com incorporações das qualidades observadas, uma reflexão crítica e realista sobre as propostas de avaliação.
O Parâmetro Curricular Nacional de Arte refere-se a avaliação em Artes Visuais no ensino fundamental como progressiva, partindo da própria produção desse aluno e do seu contato com o patrimônio artístico. Traça expectativas de aprendizagem, passíveis de avaliação, a serem desenvolvidas nos educandos. Sucintamente:
. produzirem no espaço formas bi e tridimensionais, articulando percepção, imaginação, emoções e idéias;
. utilização e correto uso de técnicas e procedimentos;
. argumentação sobre valor e gosto dos trabalhos produzidos (respeitando o processo individual de criação) e das imagens apresentadas;
. participação cooperativa com outros alunos e o professor;
. contato com os meios de comunicação, sabendo analisa-los e produzirem formas visuais;
. identificarem elementos da linguagem visual;
. apreciação e compreensão de distintas obras de diferentes épocas e estilos, observando semelhanças e diferenças;
. despertar a importância do patrimônio artístico.
Não há um modelo pronto, fechado, na avaliação em Arte. O Parâmetro Curricular Nacional de Arte a define como sendo “uma situação de aprendizagem em que o aluno pode constatar o que aprendeu, retrabalhar os conteúdos, assim como o professor pode avaliar como ensinou e o que seus alunos aprenderam”. O professor deve partir sempre, então, da assimilação desse aluno, perceber se houve ou não um refinamento dos seus esquemas mentais para corrigir as possíveis e eventuais falhas. Falha não somente do educando, mas da sua própria ação educativa. Avaliar tendo em mente que cada indivíduo e único no seu desenvolvimento, existindo diferentes caminhos para se chegar ao mesmo objetivo. Saber entender esse desenvolvimento no transcorrer da construção do conhecimento será um grande passo no sentido de uma avaliação em Arte com verdadeira qualidade pedagógica.
O professor de Arte no desenvolvimento das suas atividades deve proporcionar e priorizar a alfabetização estética dos seus alunos, promovendo um ambiente propício ao crescimento da cidadania cultural. Nesse aspecto a maneira na qual serão avaliados trará situações positivas ou negativas. Uma avaliação fechada, rígida, onde o professor é o detentor do saber, criará nos alunos atitudes desinteressadas sobre a aula, as Artes e não abrigará espaço para o exercício e afloramento da cidadania cultural.
Não caberá, ao professor de Arte, julgar os valores estéticos das “obras de arte” dos nossos alunos. A avaliação no ensino de Arte não passa pela conceituação formal da Arte acadêmica, seus objetivos são outros. A avaliação deve priorizar sempre a construção do conhecimento. Não avaliar, como na educação tradicional, o aluno pelo que ele não sabe e sim pelo assimilado durante a ação educativa dentro da sua evolução pessoal.
Um ato comum entre alguns professores de Arte no transcorrer da avaliação e a comparação. Compara-se o trabalho de um aluno com outro ou desse aluno com um artista. Postura essa, totalmente insensata. Essa atitude pode vir a inibir a produção (no sentido de construção de conhecimento) artística de determinado aluno. Pensemos: como comparar Salvador Dali com Velásquez? Ou, ainda, Picasso com Rembrandt? Além de serem estilos diferentes, cada um possuí no ato da criação sua própria história de vida, com emoções, reflexões, anseios, atitudes, impressões e desejos particulares. Na execução do trabalho essa realidade emerge, refletindo-a. Cada obra é sempre única e particular, fazendo parte de uma determinada época, imbuída das características do artista. Assim acontece com os alunos. Se introduziu determinada cor, linha, textura, se trabalhou dessa ou daquela maneira, certamente há um motivo. Tecer comparações sobre esse processo de criação mostra-se incoerente com uma avaliação pedagógica que se propõe competente.
Uma proposta interessante de avaliação em Arte é a auto-avaliação. Para atender seus reais objetivos necessita-se, porém, de orientação correta e responsabilidade. Deve sempre trazer ao aluno uma reflexão sobre seu processo de aprendizagem, propiciando identificar e formular uma análise coerente com os conceitos construídos.
O professor inclui-se nessa ação continua de avaliação. Precisa constantemente rever seus conceitos, propor idéias novas, reformular e inovar o ato pedagógico. Saber ouvir mostra-se fundamental. O professor faz apenas parte de um processo complexo, na qual estão inseridos alunos, professores de outras disciplinas, comunidade e escola. A avaliação adotada irá refletir a própria cultura escolar, devendo ser de aprovação não só do educando mas de todos os envolvidos.
Torna-se urgente para os professores o compromisso com os reais objetivos observados. Considerando no ato da avaliação, como se dá o processo de construção do conhecimento do aluno e conseqüente aprendizagem sobre as atividades desenvolvidas. Avaliar, nesse sentido, é proporcionar ao educando a descoberta, mediada pelo professor, do que verdadeiramente foi incorporado como conhecimento. O crescimento e o grande desafio está no momento em que a cultura escolar for capaz, através de uma avaliação consciente, de promover reflexão dos alunos, professores e escola diante da ação pedagógica desenvolvida.
(Parâmetros Curriculares Nacionais / PCNs – Artes – Ag. 96)
Educadores e educandos ao longo da construção do processo pedagógico esbarram inevitavelmente em um dos maiores desafios no âmbito escolar: a avaliação. No ensino de Arte esse ato torna-se um dilema, área de conhecimento permeada e impregnada de julgamentos e pré conceitos estabelecidos sobre visões e enfoques particulares do que é, como e porque se faz Arte. Tanto a nível acadêmico (artístico) como educacional. As opiniões são diversas, controvertidas, mostrando-se o tema polêmico e desafiador para os professores de Arte.
Em uma rápida abordagem sobre a história do ensino em Arte, observamos que há no Brasil duas vertentes pedagógicas com influências marcantes em nossas escolas, a Escola Tradicional e a Renovadora. Na primeira o educando é avaliado segundo a estratégia do professor. Em oposição a essa vertente, a Renovadora, a participação, a cooperação, a evolução e a auto-avaliação faz parte do processo de avaliação. Tais tendências não sanaram os problemas sobre a avaliação em Arte. Se na Tradicional a reprodução é uma obrigatoriedade, abandonando-se a espontaneidade, a criação e o fruir artístico na Renovadora esquece-se a técnica, o método de procedimento, o uso correto dos materiais, que é a base para o aperfeiçoamento do fazer artístico. O ideal seria adotarmos um direcionamento pedagógico com incorporações das qualidades observadas, uma reflexão crítica e realista sobre as propostas de avaliação.
O Parâmetro Curricular Nacional de Arte refere-se a avaliação em Artes Visuais no ensino fundamental como progressiva, partindo da própria produção desse aluno e do seu contato com o patrimônio artístico. Traça expectativas de aprendizagem, passíveis de avaliação, a serem desenvolvidas nos educandos. Sucintamente:
. produzirem no espaço formas bi e tridimensionais, articulando percepção, imaginação, emoções e idéias;
. utilização e correto uso de técnicas e procedimentos;
. argumentação sobre valor e gosto dos trabalhos produzidos (respeitando o processo individual de criação) e das imagens apresentadas;
. participação cooperativa com outros alunos e o professor;
. contato com os meios de comunicação, sabendo analisa-los e produzirem formas visuais;
. identificarem elementos da linguagem visual;
. apreciação e compreensão de distintas obras de diferentes épocas e estilos, observando semelhanças e diferenças;
. despertar a importância do patrimônio artístico.
Não há um modelo pronto, fechado, na avaliação em Arte. O Parâmetro Curricular Nacional de Arte a define como sendo “uma situação de aprendizagem em que o aluno pode constatar o que aprendeu, retrabalhar os conteúdos, assim como o professor pode avaliar como ensinou e o que seus alunos aprenderam”. O professor deve partir sempre, então, da assimilação desse aluno, perceber se houve ou não um refinamento dos seus esquemas mentais para corrigir as possíveis e eventuais falhas. Falha não somente do educando, mas da sua própria ação educativa. Avaliar tendo em mente que cada indivíduo e único no seu desenvolvimento, existindo diferentes caminhos para se chegar ao mesmo objetivo. Saber entender esse desenvolvimento no transcorrer da construção do conhecimento será um grande passo no sentido de uma avaliação em Arte com verdadeira qualidade pedagógica.
O professor de Arte no desenvolvimento das suas atividades deve proporcionar e priorizar a alfabetização estética dos seus alunos, promovendo um ambiente propício ao crescimento da cidadania cultural. Nesse aspecto a maneira na qual serão avaliados trará situações positivas ou negativas. Uma avaliação fechada, rígida, onde o professor é o detentor do saber, criará nos alunos atitudes desinteressadas sobre a aula, as Artes e não abrigará espaço para o exercício e afloramento da cidadania cultural.
Não caberá, ao professor de Arte, julgar os valores estéticos das “obras de arte” dos nossos alunos. A avaliação no ensino de Arte não passa pela conceituação formal da Arte acadêmica, seus objetivos são outros. A avaliação deve priorizar sempre a construção do conhecimento. Não avaliar, como na educação tradicional, o aluno pelo que ele não sabe e sim pelo assimilado durante a ação educativa dentro da sua evolução pessoal.
Um ato comum entre alguns professores de Arte no transcorrer da avaliação e a comparação. Compara-se o trabalho de um aluno com outro ou desse aluno com um artista. Postura essa, totalmente insensata. Essa atitude pode vir a inibir a produção (no sentido de construção de conhecimento) artística de determinado aluno. Pensemos: como comparar Salvador Dali com Velásquez? Ou, ainda, Picasso com Rembrandt? Além de serem estilos diferentes, cada um possuí no ato da criação sua própria história de vida, com emoções, reflexões, anseios, atitudes, impressões e desejos particulares. Na execução do trabalho essa realidade emerge, refletindo-a. Cada obra é sempre única e particular, fazendo parte de uma determinada época, imbuída das características do artista. Assim acontece com os alunos. Se introduziu determinada cor, linha, textura, se trabalhou dessa ou daquela maneira, certamente há um motivo. Tecer comparações sobre esse processo de criação mostra-se incoerente com uma avaliação pedagógica que se propõe competente.
Uma proposta interessante de avaliação em Arte é a auto-avaliação. Para atender seus reais objetivos necessita-se, porém, de orientação correta e responsabilidade. Deve sempre trazer ao aluno uma reflexão sobre seu processo de aprendizagem, propiciando identificar e formular uma análise coerente com os conceitos construídos.
O professor inclui-se nessa ação continua de avaliação. Precisa constantemente rever seus conceitos, propor idéias novas, reformular e inovar o ato pedagógico. Saber ouvir mostra-se fundamental. O professor faz apenas parte de um processo complexo, na qual estão inseridos alunos, professores de outras disciplinas, comunidade e escola. A avaliação adotada irá refletir a própria cultura escolar, devendo ser de aprovação não só do educando mas de todos os envolvidos.
Torna-se urgente para os professores o compromisso com os reais objetivos observados. Considerando no ato da avaliação, como se dá o processo de construção do conhecimento do aluno e conseqüente aprendizagem sobre as atividades desenvolvidas. Avaliar, nesse sentido, é proporcionar ao educando a descoberta, mediada pelo professor, do que verdadeiramente foi incorporado como conhecimento. O crescimento e o grande desafio está no momento em que a cultura escolar for capaz, através de uma avaliação consciente, de promover reflexão dos alunos, professores e escola diante da ação pedagógica desenvolvida.
Artigo de minha autoria. Fazer citação no caso de cópia.
Link para essa postagem
Nenhum comentário:
Postar um comentário