Esta é uma representação do mar na qual, mais uma vez, pode-se notar a visão própria do artista. Não se trata de uma pintura realista, um registro fotográfico da cena escolhida. A autora, Bonny Lhotka, observou de fato as águas do oceano numa praia do Havaí, mas baseou-se principalmente na memória e nos sentimentos pessoais.
Assim, o quadro resultante capta a fluidez e o movimento efêmero do mar, enfocando o tema de modo bem abrangente, despojado e pouco convencional. A textura da madeira, utilizada como superfície da pintura, é importante para a obtenção dos efeitos desejados.
Maré, Bonny Lhotka (detalhe)
Tinta acrílica sobre madeira
50 x 75 cm
Cortesia Midtown Galleries, Nova Iorque
Importante também é o modo como a autora empregou as tintas acrílicas, aplicadas em porções de diferente intensidade. Ora a tinta é transparente, em aguada, ora adquire opacidade, sobrepondo-se a uma camada de base mais clara. A coloração de áreas transparentes e opacas, umas junto das outras, resultou num tipo de luminosidade e de profundidade de cor que seria impossível obter apenas com o uso de tinta opaca.
Em alguns trechos, camadas de tinta foram removidas para revelar as cores que ficaram por baixo. Em outros pontos, recorreu-se a dois pincéis (um em cada mão): um pincel foi mergulhado na tinta e o outro em álcool, para ir dissolvendo a tinta à medida que o trabalho se desenvolvia. Nessas condições, a tinta se reagrupou ao acaso, formando padrões que lembram bolhas de água.
A grande variedade de azuis e verdes produzidos pelos reflexos da luz na água também foi transposta para a obra, que desse modo consegue evocar não só a forma como a força, o ritmo e o movimento do mar.
A harmonia do trabalho demonstra que a autora, além de revelar domínio do material utilizado, soube transmitir toda a fascinação que o mar pode despertar no observador.
Fonte: Curso de Desenho e Pintura - A arte de ver: paisagens e natureza morta
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